ARES-PCJ dá continuidade à Fiscalização Evolutiva com Foco na Gestão de Perdas Físicas de Água e Fraude
Avançando com a modernização da regulação do saneamento na região, a Agência Reguladora ARES-PCJ sediou o segundo encontro da "Fiscalização Evolutiva", dedicada ao tema "Gestão de Perdas Físicas de Água e Fraude". O evento, realizado no âmbito da Academia ARES-PCJ em 05 de agosto de 2025, reuniu prestadores de serviço e especialistas de saneamento com o objetivo de fomentar o debate de uma fiscalização mais eficiente para o setor.

O projeto "Fiscalização Evolutiva" teve seu início em maio deste ano, com uma apresentação do Coordenador de Água e Esgoto da ARES-PCJ, João Mateus Boll Gallas. A iniciativa visa transformar o modelo de fiscalização atual, passando a exigir ferramentas e sistemas de gestão mais modernos dos prestadores de serviço, impulsionando assim a evolução contínua do saneamento. João Mateus, em sua fala de abertura, enfatizou que a regulação constitui uma política pública que deve considerar os interesses de todos os envolvidos, desde os prestadores de serviço até os usuários e os titulares.
O foco central deste segundo encontro foi a gestão de perdas físicas de água e fraude, tema abordado pelo consultor de saneamento e membro do conselho fiscal da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária (ABES), Dante Ragazzi Pauli. Com uma vasta experiência de mais de 30 anos no setor, incluindo passagens pela Sabesp, SP Águas e como professor no Mackenzie, Dante ofereceu perspectivas valiosas sobre a importância do assunto. Ele ressaltou que a perda é o principal indicador de eficiência operacional nos sistemas de distribuição de água. As perdas podem ser classificadas como reais (ou físicas), ou classificadas como aparentes (ou comerciais). As primeiras representam os vazamentos físicos que podem ocorrer em adutoras, ETAs, reservatórios ou mesmo nas redes. Já as aparentes ou comerciais, são aquelas decorrentes de erros de medição, frequentemente causados por hidrômetros defeituosos ou inadequados, e por fraudes, como as ligações clandestinas.

Os impactos das perdas são abrangentes e severos, afetando diretamente o meio ambiente ao intensificar a escassez hídrica, comprometendo as finanças dos operadores devido ao elevado custo de produção e à perda de arrecadação, e elevando os riscos para a saúde pública por possíveis contaminações resultantes da infiltração de esgoto. Além disso, a imagem do prestador de serviços é prejudicada e, em última instância, o consumidor final arca com tarifas mais elevadas.
Para combater eficazmente as perdas, Dante Ragazzi Pauli delineou diversas estratégias essenciais. Ele sublinhou a importância do controle de pressão na rede, uma vez que pressões elevadas tendem a aumentar os vazamentos. A qualidade dos materiais utilizados e a agilidade nos reparos são cruciais, assim como a disponibilidade de mão de obra qualificada e motivada. A manutenção de cadastros técnicos e comerciais atualizados é a base para uma gestão eficaz, e a substituição regular de hidrômetros é indispensável, dado que esses equipamentos possuem vida útil e perdem eficiência ao longo do tempo. O consultor enfatizou que a gestão de perdas é um trabalho que exige persistência, e que não é possível atingir a "perda zero", uma vez que sempre existirá um nível econômico de perdas onde o custo de reduções adicionais supera o custo da produção de água.
O professor apresentou também o tripé fundamental para o sucesso na gestão de perdas: Pessoas, Tecnologia e Método (Processo). Ele salientou que a liderança deve estar intrinsecamente envolvida, e que o Ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Act) se configura como uma ferramenta valiosa para o planejamento, a execução, a verificação e a correção de rumos. A contratação de parceiros por meio de contratos por performance pode acelerar a redução de perdas, ao compartilhar riscos e incentivar maior agilidade nas ações.

Neste sentido, a Academia ARES-PCJ tem um papel vital neste cenário, buscando disseminar boas práticas operacionais entre os prestadores de serviço, independentemente de seu porte ou modalidade. A Agência entende que, ao oferecer informações e capacitação, os prestadores estarão mais bem equipados para tomar decisões acertadas e aprimorar a qualidade da prestação de serviços. A ARES-PCJ busca uma fiscalização técnica e construtiva, cujo objetivo principal não é a aplicação de sanções, mas sim a promoção de um serviço adequado e o reconhecimento dos prestadores que se destacam. Um exemplo inspirador de sucesso foi compartilhado pelo gestor de Nova Odessa, que relatou a redução das perdas de 54% para 28% em seu município, alcançada por meio do engajamento da equipe, do aproveitamento de recursos do Comitê de Bacias PCJ e de investimentos estratégicos na substituição de redes e na recuperação de nascentes.
Este evento representa a segunda de quatro etapas do projeto Fiscalização Evolutiva. As próximas fases estão agendadas para outubro e dezembro na Academia ARES-PCJ.
Para acessar a palestra completa, visite o canal da ARES-PCJ no Youtube em: youtube.com/arespcj